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sábado, 27 de junho de 2009

Navegação sustentável

De olho na preservação do meio ambiente, surgem barcos abastecidos por energia solar e biodiesel

NATÁLIA LEÃO


ESTIMA-SE QUE CERCA de 8,4 milhões de toneladas de petróleo sejam lançadas ao mar todo ano. Para se ter uma ideia do que isso representa, basta verificar que apenas quatro litros de petróleo despejados ao mar podem poluir aproximadamente 378 milhões de litros de água, o equivalente ao consumo de 50 pessoas durante um ano.

Dados do Greenpeace apontam que os recursos terrestres, como refinarias e instalações petroquímicas costeiras, além de resíduos urbanos, sejam responsáveis por 44% dos poluentes que entram nos mares, enquanto os depósitos na atmosfera, gases e substâncias químicas que se acumulam no ar, respondem por 33% e o transporte marítimo é responsável por 12%. Se depender do suíço Raphaël Domjan, 35 anos, este último índice será reduzido a zero. Domjan lidera o Planet Solar, um projeto avaliado em 6 milhões de euros que prevê a criação de um barco movido a energia solar. O objetivo é iniciar uma volta ao mundo a bordo da embarcação até o fim de 2009. "Em 2002 tive a oportunidade de navegar um barco abastecido com energia solar e percebi como aquilo era pouco utilizado e divulgado. A energia solar não é uma utopia, por isso resolvi mostrar a todos, por meio do Planet Solar, que esta tecnologia é viável e competitiva", disse Domjan à DINHEIRO.


EARTHRACE:
lancha movida a biodiesel foi criada pelo neozelandês Pete Bethune (foto) e deu a volta ao mundo em 60 dias

Para dar vida ao barco, Domjan conta com o patrocínio do Fundo de Investimentos Suíço Rivendell, além de parcerias com empresas privadas e uma equipe de 30 funcionários. O Planet Solar terá 31 metros de comprimento, 15 metros de largura, seis de altura e deslocará 60 toneladas em alto-mar. Como ele demandará muita energia, os designers pensaram em uma solução para capturar o máximo de luz solar. Por isso, eles criaram um barco recoberto por 470 metros quadrados de painéis fotovoltaicos, que captarão a luz do sol e a transformarão em eletricidade. Se o sol incidir nos painéis durante oito horas diárias, serão produzidos 827,2 kW/h de energia - o suficiente para abastecer uma casa com quatro moradores durante um mês. "Essa energia será armazenada em baterias e garantirá de três a quatro dias de navegação sem recarga", explica Domjan. O interior do barco será dividido em quatro cabines, um banheiro e uma cozinha. Do lado de dentro, tudo funcionará com a energia do sol, inclusive chuveiros, iluminação e utensílios domésticos.

"Projetos como este são muito bem-vindos", afirma Ricardo Baitelo, coordenador de campanha de energias renováveis do Greenpeace. "No futuro, a energia fóssil vai se tornar mais cara e escassa. Com o aumento da escala, a energia renovável ficará mais barata e poderá se tornar competitiva." De acordo com dados do Instituto de Estudos Energéticos da USP, os combustíveis fósseis - carvão, petróleo e gás natural - representam atualmente mais de 80% de toda a energia consumida no mundo, a energia nuclear surge com 6,6% e as fontes renováveis com 13,6%. Apesar do avanço nas pesquisas, há quem ache que esta é uma realidade muito distante. "Não vejo um interesse dos estaleiros e da indústria náutica em serem ecologicamente corretos. O custo de pesquisa para produzir um barco com autonomia movido a energia solar seria muito alto", afirma Jorge Nasser, vice-presidente da Acobar, Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos. Existem, contudo, empresas que estão remando contra essa maré.

PLANET SOLAR:
o barco será recoberto por 470 m2 de painéis fotovoltaicos, que captarão luz solar e a transformarão em energia

Em junho do ano passado, o barco Earthrace bateu o recorde mundial ao ser a primeira lancha a dar a volta ao mundo em 60 dias, 23 horas e 49 minutos. Além de ser a primeira embarcação do tipo a completar o percurso em tão pouco tempo, o Earthrace inovou ao realizar o trajeto com motor movido a biodiesel. O objetivo do idealizador do projeto, o neozelandês Pete Bethune, está longe de ser o de desafiar os limites da velocidade. Exfuncionário de uma empresa que atua no setor petrolífero, ele só quis mostrar ao mundo que o uso de energias renováveis é confiável. "Só quero divulgar a ideia de que as pessoas podem levar suas vidas de maneira sensacional e ainda assim cuidar melhor do meio ambiente. Tudo que elas têm que fazer é pensar um pouco mais no que fazem", reforçou Bethune.

O Earthrace custou 3 milhões de euros e foi pensado para evitar agressões à natureza - partes do barco foram construídas com fibras de cânhamo, planta da família das Canabis; a pintura utilizada é biodegradável; os lubrificantes utilizados pelos motores são de fontes vegetais; as roupas da tripulação foram confeccionadas com algodão biológico e a alimentação da equipe foi composta de ingredientes orgânicos de cada local onde o barco aportou. Hoje, o Earthrace é vendido por US$ 1,5 milhão. Quanto ao Planet Solar, quando ele deixar as pranchetas para invadir o mar, será possível comprar ingressos para participar de alguns dos trechos de sua trajetória.

Fonte:http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/598/artigo129105-1.htm

Um comentário:

  1. Toda a iniciativa pró ecológica é muito bem-vinda!

    Abração e parabéns pelo Blog, as notícias me são muito atrativas!

    abração
    andrea

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"Na busca da sabedoria, o primeiro estágio é calar, o segundo ouvir, o terceiro memorizar, o quarto praticar, o quinto ensinar."Rabi Salomon Ibn Gabirol (Século XI; Espanha)

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