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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Inflamação Mínima Persistente

Inflamação Mínima Persistente

A Rinite Alérgica é uma doença crônica inflamatória, de alta prevalência e com
grande impacto na qualidade de vida dos pacientes . Apresenta associação com
outras doenças como a conjuntivite alérgica, dermatite de contato, rinossinusite e
asma; sendo que quando associada a esta última, faz com que a asma se
apresente de forma severa, gerando mais comorbidades ao paciente .
Dentre as formas encontradas, a rinite persistente representa 67% dos pacientes
acometidos na América Latina e dentre esses, a forma moderada-severa é mais
freqüente .
Apesar de não existir um tempo exato estipulado pela literatura para o tratamento
da rinite alérgica, uma vez que cada paciente deve ser individualizado, observa-se
uma tendência nas “guias de tratamento” a se tratar o paciente alérgico por tempo
prolongado.
Esta tendência está diretamente relacionada ao conceito de Inflamação Mínima
Persistente.
Por definição, sabemos que a rinite alérgica é uma reação inflamatória mediada por
IgE, caracterizada por uma fase aguda e uma fase tardia, associadas a efeitos
vasodilatadores dos neuropeptídeos ; sendo a infiltração mucosa eosinofílica “a
principal marca” da inflamação alérgica .
Mecanismos fisiopatológicos envolvidos no recrutamento dos eosinófilos incluem a
liberação de mediadores e citoquinas, que atraem, ativam e prolongam a sobrevida
dos mesmos e ativam moléculas de adesão .
Enquanto moléculas de adesão intercelular que se encontram no epitélio (ICAM-1)
de indivíduos geneticamente suscetíveis à alergia são ativadas, os eosinófilos
apresentam moléculas de adesão em sua superfície (integrinas), que se ligam
diretamente ao ICAM-1 . Assim, a presença do ICAM-1 está fortemente
associada a uma resposta alérgica inflamatória.
O que chama a atenção, no entanto, é que a presença de ICAM-1 é observada nos
pacientes submetidos também a exposição natural a alérgenos, mesmo estando
assintomáticos, condizente, portanto, com uma Inflamação Mínima
Persistente, demonstrada na mucosa nasal e conjuntival de pacientes alérgicos
assintomáticos .
Assim, o indivíduo geneticamente suscetível (alérgico) entra em contato com o
alérgeno e se sensibiliza; o contato permanente promove a inflamação crônica; que
num momento de hiperreatividade leva aos sintomas clínicos . Desta forma, os sintomas poderiam ser considerados a ponta do iceberg da reação alérgica, onde a inflamação e a hiperreatividade representam realidades submersas.
A Inflamação Mínima Persistente tem sido observada, não somente na rinite
alérgica perene, como também na sazonal (4) e em indivíduos com asma alérgica
assintomáticos .
Esta constatação tem impacto direto no tratamento dos pacientes, ou seja;
sabendo que os mesmos apresentam uma inflamação mínima persistente, é lógica
a necessidade de bloquear a mesma, para que não desenvolvam sintomas quando
expostos a grandes quantidades de alérgenos. Inicia-se, portanto, um conceito de
profilaxia contra o aparecimento dos sintomas alérgicos.
Cientes da presença de uma inflamação mínima persistente, o tratamento
prolongado ajuda na redução dessa inflamação, reduzindo o limiar para
aparecimento dos sintomas, e consequentemente das doenças associadas e suas
comorbidades . Dentro do organograma de tratamento da rinite alérgica persistente sugerido, o paciente deve ser tratado com anti-histamínicos orais associados ou não a
descongestionantes orais e/ ou corticosteróide tópico nasal, de acordo com a
severidade da mesma, inicialmente por 2 a 4 semanas, quando após reavaliação do
mesmo, o tratamento deve ser estendido por pelo menos mais um mês.
Dentro deste conceito, estudos mostram a eficácia e a segurança dos antihistamínicos
e dos corticóides tópicos nasais na prevenção e redução dos sintomas,
quando utilizados em longo prazo.
Um estudo multicêntrico, duplo cego, placebo controlado, recente com a
desloratadina (anti-histamínico não sedante de 2a geração) mostra sua eficácia na
melhora do escore total e isolado dos sintomas nasais e não nasais em pacientes
com rinite alérgica persistente que a utilizaram por 85 dias, com porcentagem de
efeitos colaterais semelhantes aos dos pacientes que utilizaram placebo. A mesma
se mostrou efetiva também na melhora da obstrução nasal a partir do 1º dia de
uso, sendo estatisticamente significante a partir do 3º dia. . Outros
estudos com anti-histamínicos durante toda a estação polínica foram realizados, e
os autores concluem que seu uso prolongado é mais efetivo do que quando usado
só como sintomáticos .
O furoato de mometasona reduz a reação inflamatória da fase aguda e tardia da rinite alérgica, com redução dos níveis de histamina em ambas as fases, redução de citoquinas proinflamatórias, redução de IL6 e IL8 assim como redução dos eosinófilos na fase tardia. A mesma eficácia e segurança foram observadas por outros autores no tratamento profilático de pacientes com rinite alérgica sazonal moderada-severa.
Muitos estudos foram realizados com corticóides tópicos nasais em longo prazo,
sendo avaliados possíveis efeitos no eixo hipotálamo-hipofisário assim como no
crescimento . De uma forma geral, todos se mostraram efetivos e seguros em
um ano de acompanhamento . Em relação à probabilidade de aparecimento de
catarata e glaucoma, a maioria dos corticóides tópicos nasais também se mostra
bastante segura .
Conclusões:
O controle da inflamação mínima persistente é importante para a inibição dos
sintomas e redução das comorbidades relacionadas à rinite alérgica.
O tratamento contínuo leva a redução significativa do infiltrado inflamatório e
resulta num melhor controle dos sintomas.
O uso de medicações em longo prazo é sugerido nas Guias de tratamento e hoje,
existem medicações comprovadamente seguras e eficazes que podem ser utilizadas
com este intuito.



Fonte :: Claci-Brasil Agosto 2009



Fonte de origem: http://ram.uol.com.br/materia.asp?id=1222

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"Na busca da sabedoria, o primeiro estágio é calar, o segundo ouvir, o terceiro memorizar, o quarto praticar, o quinto ensinar."Rabi Salomon Ibn Gabirol (Século XI; Espanha)

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